Tese analisa formação e desenvolvimento psicológico de sócios da UDV a partir de ideias de Carl Jung

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As possibilidades da UDV como espaço de formação humana, contribuindo para o autoconhecimento e o desenvolvimento psicológico de seus sócios, são o tema de uma tese de doutorado defendida este ano na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará. Intitulada “O ‘ABC’ da vida: narrativas do processo de formação e individuação no Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, Núcleo Santa Fé do Cariri”, a pesquisa foi conduzida pelo psicólogo Francisco Roberto Brito Cunha, que é professor-assistente da Universidade Regional do Cariri, na cidade do Crato, CE.

No trabalho, Cunha recorreu à metolodogia de pesquisa dos estudos de educação em História Oral, e ao chamado Discurso do Sujeito Coletivo, para reunir as narrativas de 17 integrantes de um dos núcleos da UDV no Ceará, denominado Santa Fé do Cariri. Todos os sujeitos entrevistados são participantes da religião há vários anos, tendo sido fundadores do núcleo mencionado, e ocupam cargos hierárquicos na instituição. O autor procura mapear os temas recorrentes no discurso dos entrevistados e assinala as etapas de desenvolvimento psicológico que emergem das falas, tendo como principal horizonte teórico o chamado processo de individuação, um conceito da escola de Psicologia Analítica fundada pelo psiquiatra e psicólogo suíço Carl Jung (1875 – 1961).

O Núcleo Santa Fé do Cariri. Foto: Augusto Pessoa.

A investigação buscar compreender de que forma uma instituição religiosa como a UDV pode ser experimentada, pelos seus adeptos, como uma ‘escola’. Não no sentido acadêmico do termo, mas sim como um espaço de intensa aprendizagem, não apenas do corpo doutrinário, mas também dos conteúdos individuais de personalidade e de história de vida, de relacionamento humano interpessoal e intrapessoal, e de uma cosmovisão baseada em determinados valores. O autor busca associar estas quatro dimensões aos conceitos junguianos usados para descrever a dinâmica da personalidade, e propõem que este desenvolvimento pode ser correlacionado ao processo de individuação.

 

Cunha sustenta que, por meio da análise da instituição religiosa enquanto espaço de aprendizagem, é possível encontrar inspiração também para o processo de educação formal. “A educação, quando compreendida numa acepção mais ampla, deve levar em consideração as múltiplas dimensões que constituem o sujeito, para que possa realizar o ato educativo com mais consciência”, escreve. “Uma instituição que se proponha, de fato a formar o ser humano não pode deixar de lado os aspectos psicológicos próprios do seu período sócio-histórico, nem as potencialidades latentes a serem desenvolvidas no estudante”, diz.

Para ter acesso ao texto integral da tese, clique aqui.

 

Pablo Gonçalves é integrante do Corpo Instrutivo do Núcleo Menino Galante (Mairiporã – SP)

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