Pesquisa avalia cultura de segurança no âmbito da UDV

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Desde 2002, o mês de abril foi definido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como mês da Segurança e Saúde no Trabalho. Este é um tema também relevante para a União do Vegetal, que instituiu o 3º sábado do mês de abril como o Dia da Segurança no Trabalho na UDV (este ano, a data é dia 16/04). Essa é uma das diversas ações voltadas à cultura da segurança e ao bem-estar dos sócios do Centro, que  incluem ainda a criação da Coordenação de Segurança no Trabalho, em 2019, a realização de vídeos institucionais para orientar os sócios sobre o tema e outras iniciativas.

A presidência da UDV, com apoio irrestrito da Representação Geral, sensibilizada com acontecimentos recentes no âmbito do Centro, e alinhada com os ensinos e exemplos do Mestre Gabriel, tem chamado a atenção de todos os sócios para os cuidados com segurança. Os trabalhos na UDV – uma série de atividades que inclui o plantio e a colheita do Mariri, o preparo do Vegetal, a manutenção das dependências etc. — são feitos pelos próprios sócios, em caráter voluntário. Por isso, zelar pela segurança é uma responsabilidade que cabe a todos.

Nesse sentido, a pesquisa “Avaliação de nível de maturidade de cultura de segurança em organização do terceiro setor”, realizada no âmbito do Centro pelo pesquisador Rodrigo Ferreira de Azevedo, que pertence ao Quadro de Mestres do Núcleo Solhinha (Barra do Garças-MT) veio ao encontro dos interesses institucionais da UDV. A dissertação de mestrado, desenvolvida no mestrado profissional em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense (UFF), foi defendida e aprovada no derradeiro mês de março.

O vínculo familiar, a trajetória profissional e o trabalho pela UDV conduziram Rodrigo à realização da pesquisa, como ele conta: “A temática da Segurança no Trabalho está presente em minha trajetória desde a infância devido ao início da empresa de minha família, bem como à formação em Engenheiro Civil e minha especialização em Segurança no Trabalho”, diz. “Em 2018, recebi o convite para integrar o Grupo de Trabalho (GT) sobre Segurança no Trabalho na UDV, com o objetivo de implementar uma cultura de segurança nos trabalhos da instituição. Estava com o propósito de realizar um mestrado profissional na área de Segurança do Trabalho, e a partir desse convite comecei a pensar na oportunidade de estudar essa implementação na UDV.” No GT, ele exerce a função de auxiliar da Coordenação Nacional de Segurança e de Coordenador Regional de Segurança da 13ª Região.

Partindo de uma perspectiva teórica sobre os principais elementos para a implementação da cultura de segurança, o estudo teve como objetivo aplicar a técnica existente para avaliar o estágio de maturidade da cultura de segurança na UDV, visando levantar informações para auxiliar no planejamento e nas ações de implantação da cultura de segurança entre os sócios. Rodrigo aplicou um questionário com 15 perguntas que abrangiam cinco indicadores: Comunicação, Envolvimento, Liderança, Melhoria da Segurança e Treinamento. O questionário foi encaminhado para todas as unidades da UDV (Núcleos e Distribuições Autorizadas de Vegetal), resultando em 766 respondentes de 219 unidades. O total de respostas obtidas ultrapassou o número projetado, de 600 respondentes. A seleção dos participantes focou as pessoas ligadas a trabalhos onde existe algum tipo de risco.

 

Resultados obtidos e avaliação pelo pesquisador 

Entre os cinco indicadores analisados pela pesquisa, aquele associado à Liderança foi o que registrou a melhor performance. Na avaliação do pesquisador, isso mostra que as pessoas que estão à frente dos trabalhos demonstram ter condições de compreender e colocar em prática os aspectos ligados à segurança no trabalho. Já o indicador com menor resultado foi a Comunicação. “No aspecto da segurança, uma boa comunicação inclui, por exemplo, a forma como são comunicadas as questões relativas à segurança no trabalho entre todos os níveis da organização, e o modo como essas informações chegam para os envolvidos de forma clara e objetiva. Embora o indicador não tenha tido um bom desempenho como os outros, vejo que vem sendo feito um trabalho para melhoria”, diz ele.

Os indicadores foram avaliados conforme uma escala de verificação a qual tem quatro estágios. O primeiro é denominado “Patológico”, no qual não há presença ou interesse em questões relativas à segurança no trabalho; o segundo é o estágio “Reativo”, no qual as ações sobre a segurança no trabalho são realizadas somente após a ocorrência de acidentes; o terceiro é o estágio “Proativo”, no qual é possível verificar a cultura de segurança, com antecipação de riscos e adoção de medidas de segurança, sendo considerado o caminho para o estágio seguinte; por fim, o estágio “Sustentável” é o que deve ser predominante em uma cultura de segurança.

Segundo a pesquisa, 55,3% das pessoas da UDV que colaboraram com o estudo consideram estar dentro do estágio que o pesquisador chama de “Maturidade Sustentável”: “Nesse estágio, há confiança dos usuários em seus líderes para relatar acidentes e falhas, envolvimento nas ações, busca por treinamentos e capacitações, aperfeiçoamento na segurança no trabalho visando melhorias através da redução dos riscos presentes nas atividades e ambientes”, explica. Os outros três estágios apresentaram resultados que podem ser elevados a estágios melhores, conforme os percentuais das respostas: Patológico (1,8 %), Reativo (7,9%) e Proativo (35%). Além disso, embora a pesquisa tenha um público definido, ela reflete, de acordo com o pesquisador, um grau maior de cultura de segurança entre sócios do Centro, de modo que a margem de confiança no teste é de 95%.

Na avaliação do especialista, para avançar nos índices e no estágio de maturidade sustentável relacionados à cultura de segurança, é possível fortalecer as ações já realizadas e adotar novas ações com os seguintes objetivos: a) uma melhor comunicação entre a Coordenação de Segurança, Coordenadores Regionais, Presidentes e Vice-Presidentes, Monitores Nucleares e sócios, para que as informações cheguem a todos de forma clara e objetiva; b) a realização de treinamentos das lideranças; c) treinamentos para capacitação da irmandade, por exemplo, para o trabalho em altura, o manuseio de máquinas como motosserras, o trabalho com eletricidade, entre outras; d) planejamento e ações das unidades para melhorar as condições físicas de segurança, por exemplo, fornecendo Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) adequados para os sócios nas atividades.

 

Próximos passos

Com a finalização do estudo, o pesquisador irá publicar artigos científicos apresentando os resultados da pesquisa. Também pretende encaminhar, aos Coordenadores Regionais e autoridades das Regiões da UDV, um panorama em que analisa os indicadores de cultura de segurança em cada Região. Por fim, irá apresentar os resultados à Coordenação de Segurança, à Vice-Presidência Operacional e à Diretoria do Departamento Médico Científico (DEMEC) e, na sequência, à Diretoria Geral. “Por meio da análise realizada e do diálogo com as autoridades do Centro vem ser possível delinear aspectos para novas ações e implementação de uma cultura de segurança estruturada em nossa religião, permitindo cada vez mais o bem-estar e a integridade física de todos”, diz Rodrigo.

Mesmo com a possibilidade de melhorias nos indicadores e estágios relacionados à cultura de segurança do Centro, o pesquisador diz que o desenvolvimento dessa cultura se dá aos poucos, sendo produto de valores, atitudes e padrões de comportamento individuais, na mesma linha do que diz o Mestre Gabriel. “Nossa irmandade vem crescendo ao longo dos anos, por isso, é importante fortalecer os valores e a percepção sobre a importância da segurança no trabalho, a conscientização e o planejamento das ações para evitar acidentes e procurar garantir a integridade física dos sócios e de todos, como um gesto de amor querendo o bem ao próximo”.

 

Vinícius Lima é integrante do Corpo Instrutivo do Núcleo São João Batista (Mairiporã-SP)

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